Foi aberto hoje, em Porto Alegre, o 24º Fórum da Liberdade. Um dos convidados escolhidos para falar foi o músico, cantor e agitador cultural Lobão. Em uma de suas falas Lobão diz que o povo é ensinado a ser "canalha", ou seja, que o povo é ensinado a não ser sincero e honesto com os outros e consigo mesmo e que falta, ao povo, liberdade de expressar suas idéias e de ser autocrítico, e que quem o faz e tachado de violento ou, até mesmo, subversivo. Mais adiante ele cita a educação no Brasil como terrível e amedrontadora. Atenho-me a estes tópicos para tecer meu comentário. Parece que estamos lendo manchetes de jornais da época da ditadura no Brasil, onde controlava-se o que falávamos, o que ouvíamos, o que aprendíamos, o que assistíamos; alguém ainda se lembra daquelas "tarjas" brancas da censura antes de cada programa que começava na TV? Quantos músicos já tiveram músicas mudadas ou proibidas porque continham frases ou palavras "ultrajantes" ao sistema? E os shows destes citados músicos poderiam ser, a qualquer hora, parados, interditados, se a tal da censura achasse que ali estava acontecendo algo contrário à moral e aos "bons" costumes da época. Quem não se lembra do famoso e famigerado AI-5. Talvez os mais jovens não tiveram o prazer de conhecê-lo. Se fosse à época, um texto como este que eu vos escrevo, poderia ser tachado de subversivo, tirado do ar, eu seria preso, meus bens confiscados, eu seria exilado e sei lá quando voltaria. Hoje, a liberdade de expressão está um pouco melhor. Hoje eu posso escolher o que assisto, posso escolher o que leio, posso ouvir o que quero e posso falar o que penso. O que temos não é uma falta de liberdade e autocrítica, o que temos são estereótipos criados por um sistema falido que limita a nossa liberdade. Discordo quando o Lobão diz que somos ensinados a ser "canalhas", tenho certeza que ninguém foi educado para ser e nem será canalha. Eu sou sincero e honesto comigo mesmo e ensino isso a meus filhos. Tenho certeza que a grande maioria das pessoas faz isso também. Se há uma não liberdade de exprimir o que achamos e pensamos, isso não vem do interior do brasileiro, mas sim de resquícios de uma ditadura, que deixou-nos como herança esta pseudo-ditadura mascarada num sistema que beneficia os conchavos à capacidade técnica e profissional. Por isso sou obrigado a concordar que a educação no Brasil é terrível e amedrontadora, não por causa dos profissionais que nela atuam, mas do sistema de ensino que nivela por baixo e restinge, em muito, a ação desses profissionais. Em tempos não muito distantes, a família e a escola eram agregadas, como se um fosse o complemento do outro. Pais e professores eram aliados, jogavam no mesmo time e falavam a mesma língua. Hoje as famílias vêem a escola como um "depósito" dos filhos. Os pais não têm mais por costume interar-se sobre como o filho está progredindo nos estudos, não se interessam mais pelos deveres do filho aluno para com a escola instituição. Hoje escola e família jogam em lados opostos. Os antes aliados, viraram adversários. O sistema tem culpa nisso por ter implantado uma política esdrúxula de progressão continuada? Quantos mais alunos repetentes tiver uma instituição pública de ensino em um determinado ano letivo, menos recursos esta instituição receberá. Pode o aluno ficar ausente, ou apenas responder chamada, não fazer nenhuma atividade que estará, pasmem senhores, aprovado! Como se diz: aprovado por Conselho de Classe. Os pais têm culpa nisso em concordarem passivamente com isso, talvez por comodismo? Os professores têm culpa nisso por se omitirem quando deveriam denunciar? Então caros leitores esta é uma realidade que precisa ser mudada e, rapidamente. Porque o tempo urge e é o futuro dos nossos filhos que está em jogo. Não devemos nos perguntar que mundo deixaremos a nossos filhos e sim que filhos deixaremos para o mundo! Aí eu deixo a seguinte pergunta para vocês: ATÉ ONDE VAI A MINHA LIBERDADE? Exerçamos nossa liberdade total e plena para tentarmos mudar este quadro. Eu estou fazendo a minha. Que assim seja!
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